4.11.06

Dois poemas de madrugada


I - O poeta com preguiça

Este poema é no lugar daquele
que me ocorreu ainda há pouco
mas eu tive preguiça
e o poema se perdeu
não tem importância:
poema sobre poema -- isso já nem é tão moderno
mas haverá leitor condescendente
como o poeta que há, preguiçoso.



II - O poeta tímido

Falo em primeira pessoa
por vaidade não, nem por modéstia
mas pela timidez de falar de você
como se me fosse possível.
Um poeta calado arregimenta sílabas
feito um insecto discreto e diligente
e o que ele tece a ninguém interessa
pensa o poeta, em seu canto.


in Poemas durante a chuva. Lisboa, Mariposa Azual, 1999.

Sem comentários:

Enviar um comentário