24.1.14

Balanço

Desperdicei o meu dia
da manhã ao meio dia
vi-o escorrer pelo ralo
da pia

desde a sesta até à ceia
vi-o fugir como a areia
que o vento leva da praia
levou-o a maré cheia
a turista em sua saia
vi-o fugir como a areia
pela fresta da ampulheta
ficou a vida incompleta
de tudo o que prometia
queria-o guardar não pude
fazê-lo render, não soube
não tenho o campo lavrado
a página está baldia
nem grão de trigo plantado
nem semente de poesia

desperdicei o meu dia 

21.1.14

A quem



A quem
a quem me devo
a quem descrevo sempre o que
não fiz
a quem nunca me atrevo a parecer
mais que aprendiz
a quem prometo outra vez ser
feliz
a quem consinto se ao me ver
me diz
aquém
aquém da ponte que leva ao que
quis
aquém do ponto imaginário em que
sorris

a quem?