11.5.22

Fantasia


O que eu queria, meu amor

o que fantasio

era te inspirar orgasmos

de toda cor e feitio


que em cada parte do teu corpo

onde chegasse o meu toque

brotasse mais um orgasmo

e depois outro, e mais um

e todos múltiplos 

e tantos

uma sinfonia de orgasmos

os teus, os meus, em sincronia


e nenhum deles mais do mesmo

uns tântricos,

outros românticos,

uns mais pacíficos

outros atlânticos

orgasmos sísmicos

cataclísmicos

um infinito

outro fugaz

estes sutis

estes brutais

líricos, 

líquidos, 

telúricos, 

lúdicos

lúbricos

anais

aqueles cármicos

estes anímicos

espirituais


e vez por outra um tão profundo

que alvoroçasse uma cidade

na outra ponta do mundo


(sem falar do vizinho do lado

que logo chama a polícia

 

que grande inconveniente

explicar ao senhor agente

quanto pode uma carícia)

 

isto, meu amor, é o que eu queria

e quem sabe te darei, um dia

assim o corpinho possa

 

(não é nenhuma promessa

é só uma fantasia)


até lá, entretanto, se esta

improvável dança nossa

puder ir sendo o que for

não é um orgasmo, meu amor

mas para mim já é uma festa

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