9.5.22

Tinta

O sol lambendo o telhado
a festa na mesa ao lado
lá atrás a mulher que ria.
Tudo já se dissolvia
quando meu traço hesitante
quis encarcerar o instante
nas dobras do meu caderno.
Se fosse este azul eterno
se esta tarde, permanente
- mas foi tudo inutilmente:
pelos vãos do casario
o sol escorreu para o rio
a mulher pagou a conta
ao lado calou-se a festa
do azul da tarde o que resta:
este bocado de tinta.

Sem comentários:

Enviar um comentário