28.7.05

Não escolhas tanto


Não, não escolhas tanto
vê como enquanto
escolhes passa o tempo, e quanto
desdenhas te abandona
vê como te desgrenhas
vê como desmorona
teu cabelo sem brilho, o teu mamilo
o menisco no escuro, a rótula
gasta, rota, torta
já sem remédio, já sem resgate,
vê o teu rosto que colado à tarde
desbota
e a testa que se crispa
e a chispa
morta
Não, não escolhas tanto
não vês que pouco importa
de que lado te deitas
se quanto enjeitas,
se quanto gostas,
vê como parte,

vê como corta
a quina do crepúsculo a tua aorta
daquela esquina de onde ainda te fita
vê a crina do sonho que se agita
e vira as costas

Sem comentários:

Enviar um comentário