12.9.21

Num postal de Babilônia

 

onde está a minha cidade 
deixei a que tinha 
esta que adoptei 
não é minha 

falam quase a minha língua 
mas com tão estranha sintaxe 
que eu, quando abro a boca, é como 
se mancasse 

minha língua claudicante 
vai tropeçando nos pronomes 
e na falta de bigodes 
no que se bebe, no que se come 

quando, turista, visito 
a cidade que deixei 
lá não sou menos estrangeiro 
ou então, se sou, já não sei 

fiquei no meio do caminho 
no meio do mar, no meio 
do corredor do avião 
entre lisboa e o rio 

com outros no mesmo barco 
faço churrascos, sambas, festas 
para esquecer o que perdemos 
fazer a conta do que resta

5 comentários:

  1. Adorei os poemas. Te achei na Carla Rodrigues, tb sou de Niterói e fui aluna de um Kopke chamado Mauricio.
    Vou voltar com certeza.
    Bia.

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  2. Adorei o poema. Tb sou de Niteói e vou voltar sempre.
    Bia.

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  3. O Kopke chamado Mauricio é meu pai. Volte sempre.

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  4. Que feliz coincidencia!
    Voltei e vou continuar a vir.

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  5. Gostei dos seus poemas e de poder ler mais da sua escrita.
    Não pude deixar de lembrar do livro "Transatlântico", de Paulo Nogueira, cuja personagem principal achei deliciosa.

    Um abraço e tudo de bom.

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