28.8.06

Velho estilo




O que hoje quero é algo
que me possua
que me agarre a garganta e declare
já não é tua
e me montando a voz, ou o que dela resta
a faça relinchar como uma besta
e a ponha a escoicear quem vai na rua
e a faça galopar solta por fim
de mim
até aonde acaba o planeta
e aí fique a berrar ou então quieta
para sempre, conforme lhe apeteça
quero essa coisa que me pegue na mão
e me declare a mão independente
para fazer o que bem queira e invente
ou não
e que me agarre pés, tronco, cabeça
e os faça dançar tanto, mas tanto
que eu exausto de inveja e de espanto
já não os reconheça

e sofra então a dor de não ter sido
jamais como esse outro
possuído

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